Aqui há tempos estava numa esplanada a argumentar que, na
minha opinião, ainda existe demasiado preconceito para com as comunidades
ciganas em Portugal e que tal não deveria acontecer em pleno século XXI. As
pessoas que estavam comigo, que partilham dessas ideias pré-concebidas para com
pessoas dessa etnia, contra-argumentavam com os modos de vida e aspetos
culturais que vão contra a nossa legislação e própria cultura. Contudo, apesar
de ter consciência desses aspetos e de não concordar com alguns deles, continuei
a expor o meu ponto de vista de que a sociedade maioritária precisa,
urgentemente, de acabar com esses estigmas e respeitar as pessoas o máximo
possível, dando a mesma igualdade de oportunidades para todos,
independentemente da etnia, religião ou orientação sexual. Argumentei ainda que
se eu fosse exatamente a mesma pessoa, com os mesmos ideais e formação
académica, mas que porventura tivesse nascido cigana, não teria as mesmas
oportunidades que tenho hoje, no que diz respeito ao mercado de trabalho.
Após alguns minutos de discussão, eis que um senhor, que
atentamente ouvia a conversa na mesa do lado, proferiu que eu, apenas uma
menina, já queria “mudar o mundo”. Pelas suas palavras rapidamente me apercebi
de que o senhor em questão partilhava do mesmo preconceito que muita gente
detém para com a comunidade cigana. E rapidamente lhe respondi: não quero
mudar o mundo, apenas mentalidades!
E é verdade. Eu não quero mudar o mundo. Por mais que
gostasse de acabar com a fome, pobreza e guerras, eu tenho a plena consciência
de que não consigo. Mas quero mudar mentalidades! E irei continuar a tentar até
que consiga ver com os meus próprios olhos que a etnia, a religião, orientação
sexual, a cor de pele, etc, não condiciona, de todo, a vida de um ser humano. Eu
quero acabar com os estigmas que são incutidos muitas vezes a crianças que
crescem com ideias erradas sobre outros seres humanos e que, mais tarde,
transmitem ao próximo. Tenho a perfeita noção de que este meu objetivo é
utópico, e que provavelmente o preconceito, xenofobia, racismo, entre outros,
andarão de mãos dadas com a sociedade durante muitos anos, mas se conseguir
mudar a perceção de algumas pessoas sobre estes assuntos, já me sinto mais
feliz e realizada. Porque a pouco e pouco, todos podemos fazer a diferença!
Esta minha opinião veio a ser, posteriormente, corroborada
pelas manifestações às afirmações que um candidato à Câmara Municipal de Loures
realizou, onde ficou explícito, através de vários comentários que li em redes
sociais e em sites de jornais, que
ainda existe muito preconceito relacionado com esta minoria étnica - já para não falar dos outros casos que têm ocorrido por este mundo fora. E é por
isso que vou continuar empenhada neste meu objetivo de mudar mentalidades.
Convido-vos a ler este artigo do jornal Expresso. Tive a
sorte de conhecer alguns dos entrevistados e são, de facto, pessoas muito inspiradoras. Que querem voar mais alto, mesmo que lhes estejam sempre a tentar cortar as asas.
Sem duvida que ainda existe muita gente a precisar ver mais além, a mudar a mentalidade retrograda que têm, infelizmente a maioria das pessoas com preconceitos não está disposto sequer a ouvir o outro lado. Acredito na igualdade, e que todos somos iguais e merecemos respeito. Se existem pessoas más, isso existe em todo o lado, independentemente da etnia, religião, ou orientação sexual. A vida é de cada um, e cada um deve viver como quer, e ser respeitado por isso.
ResponderEliminarÓ, Dani! É uma luta diária que partilho contigo. De facto, a sociedade está pré-concebida para rejeitar as diferentes raças da sua própria raça, para ignorar os homossexuais, para mal tratar os que se sentem deslocados. Eu não acho que tais preconceitos vão desaparecer num futuro próximo, aliás, sou da opinião que se vão calar verbalmente e manifestar-se cada vez mais alto através de actos e meios electrónicos. (Assim como acho que a 3ª guerra mundial será online). Pessoas como tu e eu, provavelmente, cresceram em lares onde se aceitam todo o tipo de pessoas, por não se ver diferença entre elas. Contudo, quantos dos nossos colegas não ouvem diariamente em casa frases do género: «Aquele filho da p*%$ daquele preto disse/fes isto» ou «Aquele cigano de m^&@? acha que pode chegar e tirar-me daqui», tal e qual como escrevi - mas eu não digo asneiras! -. O problema das pessoas da nossa geração que ainda ouvem isto no seu seio familiar é não conseguirem pensar por si mesmos e reproduzirem estas opiniões sem terem consciência da separação e da linha que estão a criar.
ResponderEliminarApesar de tudo isto, tenho a certeza que é por pessoas como nós manifestarem a sua opinião tão abertamente que alguns outros começarão a mudar, porém, não vai ser algo para estar extinguido daqui a 10.000 anos.
Não custa tentar, uma mentalidade de cada vez, algumas demoram mais, outras menos, mas não custa tentar, e tiro-te o chapéu por continuares a lutar tão veemente por esta igualdade utópica que seria a melhor coisa para este Mundo.
Obrigada por este comentário, Ju :) É bom ver que há pessoas como eu que se preocupam em fazer a diferença, a pouco e pouco! E tal como tu, acredito que o preconceito está longe de terminar...
EliminarOxalá todas as pessoas pensassem como tu. Depois de ler o comentário da Joaninha acho que não tenho muito mais a acrescentar, acabar com o racismo\preconceito ainda é algo pelo qual se irá ter de batalhar e batalhar durante muitos anos, mesmo assim haverá sempre alguém que se sinta no direito de julgar e falar deste e daquele.
ResponderEliminarPor cá, pessoas como tu, como eu, tentamos minimizar e tentar mudar pelo menos uma ou outra, o que já é um passo dado (pequenino, mas é).
Óptimo texto.