Após se ter apercebido de que os membros do Governo estavam a mentir a toda a população americana e ao congresso acerca da Guerra do Vietname, Daniel Ellsberg (Matthew Rhys), um funcionário do pentágono, decidiu retirar e fotocopiar de forma clandestina o estudo mais importante e confidencial na época acerca do tema. O estudo era claro: não havia justificações nem condições para que os Estados Unidos da América continuassem com a guerra, mas o governo, por sua vez, continuava a investir na sua estratégia militar e a enviar cada vez mais soldados americanos para o campo de batalha. Em simultâneo, espalhavam a esperança de vitória a todos os americanos, mentindo descaradamente acerca dessa situação.
Quando o jornal New York Times começou a publicar excertos do estudo que ficara conhecido como Pentagon Papers, o governo americano processa-o, tentando impôr a censura no jornal. Mas enquanto o New York Times se encontrava nessa batalha judicial, um outro jornal de Washington DC, o The Washington Post, começou a ter acesso aos Pentagon Papers. Com uma situação de liquidez bastante vulnerável, a diretora do The Washington Post, Kay Graham (Meryl Streep), precisa de tomar a decisão mais difícil da sua vida: publica o estudo, dando a conhecer ao povo americano que tem sido enganado pelo próprio estado, lutando pelo fim da censura aplicada aos meios de comunicação e pondo em risco o seu jornal e respetivos trabalhadores com a ida a tribunal; ou não publica o estudo, e salva o negócio de família.
Este não é um filme brilhante, com diálogos extremamente interessantes e que termina de forma genial. Diria até que é um filme bastante normal. Mas, no entanto, é um filme que necessita ser visto e mais do que uma vez para que toda a gente se aperceba da importância do papel do jornalista investigador, e do quão essencial a liberdade de expressão é. Ter um governo capaz de influenciar aquilo que os jornais nos querem transmitir é demasiado grave, como neste caso verídico, e infelizmente ainda acontece em muitos países. Em adição, o filme de Steven Spielberg retrata muito bem a forma como uma mulher no poder na altura não era levada a sério, e de todas as tentativas que Kay Graham fez para finalmente ganhar voz no seu conselho de administração e ser uma mulher respeitada.
The Post destaca-se de muitos outros filmes pela história real que aborda, e pelo excelente desempenho dos seus atores, dos quais destaco Tom Hanks no papel de Ben Bradlee, o diretor executivo do jornal. Esta foi, sem dúvida, uma excelente escolha e uma agradável surpresa.
"In the First Amendment, the Founding Fathers gave the free press the protection it must have to fulfill its essential role in our democracy. The press was to serve the governed, not the governors."
